Como surge a dependência química? Ela surge de maneira sorrateira como uma poeira que vai infiltrando e lentamente tomando conta de tudo que encontra pelo caminho. No entanto, é só percebida quando nada mais se enxerga devido à poeira.
Assim também acontece com a dependência química, a pessoa faz uso hoje não percebe nada, amanhã novamente e assim sucessivamente, sem se dar conta que pouco a pouco está mudando seu comportamento interpessoal. Está mudando seu relacionamento com as pessoas e que seu organismo está se adaptando ao uso de determinada droga.. No entanto, como esta mudança ocorre paulatinamente o usuário não se dá conta que ele está passando de um usuário esporádico para um habitual a por fim, a um dependente químico.
O usuário começa a perceber que adquiriu a doença da dependência química quando vê que seus amigos do passado já não existem mais. Quando ao levantar sente necessidade de buscar droga, necessidade de uma bebida alcoólica. Percebe que está dependente quando experimenta ficar uns dias sem drogar-se ou alcoolizar-se e sente tremores pelo corpo, fissuras, dores, etc. A pessoa começa a sentir que está dependente quando percebe às perdas sociais que estão ocorrendo.
No entanto, quando ele se dá conta do que a droga, o álcool está lhe proporcionando em sua vida tanto no sistema biológico, emocional e também social inicia, então, as paradas estratégicas, ou seja, sempre quando a droga, o álcool está lhe fazendo mal dá uma parada por uma semana, um mês, enfim, até seu organismo recuperar-se. Porém, com o passar do tempo, se dá conta que não resolve ficar parando, sentindo que é preciso tomar uma posição que é deixar definitivamente as drogas devido as perdas que está ocorrendo consecutivamente.
Pois bem, alguns por vontade própria decidem parar e acabam obtendo êxito. Por isto, é muito comum o jargão “basta ter vergonha na cara para deixar as drogas ou a bebida”. Porém, é preciso entender que cada pessoa é uma. Cada um tem sua estrutura física e psicológica diferente. Cada um tem seu histórico de vida. Enfim cada Ser humano é subjetivo, ilustraria com um exemplo: há pessoas que se acometem de gripes e resfriados e não necessitam tomar medicamento, outras pelo contrário, chegam a internar-se devido um resfriado. Portanto, dependência química não foge à regra, ou seja, há alguns que conseguem sair por si, já há outros que necessitam de tratamento especial seja por meio de ajuda de profissionais da área, seja por meio de grupo de mútua ajuda ou ainda, seja através de uma internação numa comunidade terapêutica ou mesmo numa clinica a base de terapia medicamentosa.
De um modo geral, grande parte da sociedade ainda é muito ignorante sobre dependência química e devido a isto, se preservam alguns mitos sobre o dependente químico e sobre a doença da dependência. No meu modo de pensar, o grande motivo das inúmeras recaídas que há é pela falta de conhecimento tanto da família como da sociedade em saber lidar com o dependente químico após um tratamento.
Como qualquer doença grave, por exemplo, uma pessoa que tem problemas cardíacos, ou é diabético ou ainda é hipertenso necessita de cuidados especiais, assim também, é preciso atenção especial para aqueles que deixam as clinicas de tratamento ou que estejam em tratamentos, cuidados estes simples, para uma família que se ama como, por exemplo, dar atenção a esta pessoa, procurar incentivá-lo a construir objetivos de vida. Evitar promover festas onde haja bebidas – pelo menos numa fase inicial. Enfim, são cuidados que não mudam o ritmo da família radicalmente, mas que servem até mesmo para o crescimento, aprofundamento e um melhor relacionamento familiar.
Em suma, o surgimento da dependência química é sorrateira e leva tempo para que o dependente tome consciência e procure tratamento, no entanto, o número de pessoas recuperadas após tratamento seria bem superior aos índices de hoje, se de fato a família, a sociedade também fizessem sua parte quando um ente está ou deixa um tratamento, no caso fazer sua parte é, ser consciente de que a pessoa saiu de um tratamento, porém, não está curada e sua permanência na sobriedade também está ancorado na família.
Ataíde Lemos