Sempre tenho colocado que internação para tratamento de dependência química involuntária não resolve, ou seja, não leva a pessoa a deixar as drogas, pois tratar-se de dependência química exige vontade própria; exige determinação; exige consciência de que precisa sair das drogas. Enfim, o tratamento a dependência exige uma decisão do dependente.
Em mais de treze anos atuando no tratamento, até hoje nunca vi um adolescente, jovem ou mesmo adulto entrarem na entidade involuntariamente conseguiram vencer as drogas, pois eles deram um jeito de sair de varias formas como fugindo ou manipulando seus familiares que estavam sendo maltratados na entidade, ou ainda, se fazendo de curados, enfim, criando varias situações que o levaram a abortarem o tratamento.
Quantas e quantas vezes passamos constrangimentos por tentarmos manter um recuperando na entidade sem à vontade dele. Quando uma pessoa está em tratamento através de internação e não quer ele desestabiliza toda a entidade; apronta com os membros; arruma confusão com os coordenadores; não cumpre as regras estabelecidas, ou seja, ele se torna uma pessoa indesejada por todos, além do que, ainda acaba levando outros abandonarem também o tratamento.
Portanto, como colocado em outros artigos somente há duas formas de manter uma pessoa involuntária numa entidade ou clinica para tratamento, isto é, ou se mantém a base de medicamentos ou com uma disciplina muito rígida. No entanto, estas duas alternativas não vão fazer com que este dependente saia das drogas, pois a rigidez acaba provocando violência, fato que jamais pode ocorrer e o medicamento pode levar o dependente tanto se tornar dependente destas drogas ou ainda desencadear uma doença psiquiátrica irreversível.
Mas ai fica o questionamento: o que fazer? Deixar morrer nas drogas? Evidentemente que não se deve permitir que um filho, um ente morre nas drogas mantendo-se inerte, ou seja, é preciso agir. No entanto, esta ação deve ser através de busca de instituições que podem ser governamentais ou privadas que atuam nestas áreas. Também é importante que os pais procurem entidades de suporte como o Amor Exigente, Pastoral da Sobriedade e tantos outros grupos que lhe possam dar suporte emocional e informações de como agir para ajudar seus entes a procurarem tratamento.
Varias entidades de tratamento de dependência química que paralelamente possuem grupos de resgate, onde através de casas de apoio aos dependentes químicos fornecem alimentação, banhos e que através destas ações também fazem um trabalho de convencimentos para que aqueles passam por elas busquem tratamento, porém de forma voluntária. Entidades que no primeiro momento curam as feridas, mas que através de uma pedagogia de acolhimento levam estes dependentes despertarem para o tratamento.
Portanto, o procedimento correto para familiares que estão desesperados com seus filhos nas drogas e não querem se tratar é procurar ajuda nas instituições públicas ou entidades para possam ter assistência profissional ou de pessoas que passam ou passaram pela mesma situação e assim, encontrar as ferramentas corretas para convencer seus entes a buscarem tratamentos. Enfim, jamais pode perder a esperança ou abandonar seus entes a própria sorte.
Ataíde Lemos
Escritor, poeta
Autor dos livros Drogas um vale escuro e grande desafio para família
O Amor Vence as Drogas