Quando vejo as cenas do tráfico de drogas no Rio de Janeiro, não consigo deixar de ficar perplexo ao ver tantos jovens entrando neste caminho, seja como aviões, sejam como soldados dos traficantes. Jovens que são escudos dos donos do tráfico. Jovens que as imagens mostram são pobres, moram em barracos vivendo sem o mínimo de conforto defendendo a criminalidade. Jovens entre seus 15 a 30 anos que na maioria das vezes são de famílias desestruturadas e que não conseguem discernir com racionalidade as conseqüências de suas ações diante a criminalidade.
São jovens que tem como heróis os vilões e bandidos da sociedade. São jovens usados como escudos humanos pelos grandes traficantes e odiados pela sociedade por se apresentarem e praticarem as barbáries através do comando de seus superiores. Jovens que enveredam por caminhos que tem como fim; a morte precoce, o anonimato e alegria da sociedade pela tranqüilidade que causa a cada tombamento de um.
Não quero defender estes jovens, mas não dá para ficar omisso ao ver que muitos destes entram nesta vida pela ausência do Estado, pela falta de oportunidades, pela ostentação do luxo na miséria, pelo vicio e que muitas vezes são ocasionados pela omissão tanto do Poder público quanto da sociedade.
Muitos podem dizer; mas há tantos que sofrem deste mesmo mal e caminham por outros caminhos que não o da criminalidade. Pois bem, é bem verdade que muitos não trilham estes caminhos e ainda bem que são a maioria, no entanto, isto não pode ser desculpa para sombrear todas as mazelas proporcionadas pela ausência do Estado e pela omissão da sociedade que tem grande parte de responsabilidade e ainda dizer que para os empresários das drogas e para os usuários da classe alta eles são necessários.
As drogas alimentam a classe alta, ou seja, na grande maioria os chefões do tráfico são aqueles que não usam drogas, que moram nas regiões mais cara dos Estados, possuidores de jatinhos sendo pessoas acima de qualquer suspeita. Muitos barões que financiam as drogas são políticos, são altos executivos que usam testas de ferro nas comunidades carentes para aliciarem soldados e organizarem as venda e o consumo de drogas. Também é preciso dizer que os grandes consumidores de drogas moram nos condomínios de luxo espalhado por todo o País. São também os grandes executivos, políticos, artistas e jovens da alta sociedade.
Em suma, é impossível imaginar que a violência em relação às drogas terminará e que muitos jovens não serão aliciados pelos traficantes, formando batalhões para defender a criminalidade e sendo ceifados em plena juventude, pois a droga é fonte de lucro e prazer sendo comercio interessante para muitos, e na outra ponta, é também uma fonte de votos para os políticos que sempre usam das desgraças para promoverem.
Em suma, o que observamos é que a luta contra as drogas não é de interesse político, nem dos grandes empresários das drogas e muitos menos da maioria dos consumidores da alta sociedade, pois as baixas serão apenas da sociedade carente sejam por invasões do Estado matando crianças, adolescentes, ou seja, pessoas inocentes e de bem em suas comunidades como eliminando os soldados rasos, que são vitimas tanto do Estado quantos dos traficantes.
Ataíde Lemos
Poeta e escritor