Durante um período produzi e apresentei um programa de rádio intitulado “Viva Feliz Sem Drogas”, nesta oportunidade fiz varias entrevistas, muitas delas transcrevi para colocar em meu site.
A que apresento abaixo é de um amigo que hoje mora no andar de cima, que vale a pena ser lida por trazer informações importantes sobre a política de Redução de danos, que ainda precisa ser mais trabalhado, explorada e implantada em relação a política sobre drogas.
O programa Viva Feliz Sem Drogas entrevistou nesta semana (15/04/07) Jorge Alves, que atua como Redutor de Danos no Rio de Janeiro, também faz parte de varias organizações não governamentais como Associação Brasileira de Redução de Danos (ABORDA) e ainda varias outras entidades. É fundador e criador do fórum internacional de hepatite, ocupando atualmente uma cadeira no Conselho Estadual Antidrogas (CEAD) do Rio de Janeiro.
Jorge Alves, na sua juventude conheceu as drogas acabando mergulhando nelas e adquirindo como conseqüência algumas patologias como AIDS, hepatite. Isto o motivou engajar-se neste trabalho de prevenção e conscientização dos usuários de drogas como agente redutor de danos, evitando assim que, aqueles que não conseguem ou não querem parar com o uso não adquirem tais patologias como também ser um porta voz destes usuários para que a sociedade os reconheçam como cidadãos. Pois o fato de serem usuários de drogas ilícitas não os torna pessoas de segunda classe perdendo sua cidadania.
O tema especifico da entrevista foi a política governamental sobre Redução de Danos que é regulamentada no artigo 6º da Lei Sobre Drogas. Porém segundo Jorge a sociedade ainda é carente de informações sobre o que é Redução de Danos, e assim, acaba-se criando alguns preconceitos em relação a esta política confundindo os agentes redutores de danos como incentivadores ao uso de drogas. Enfim, confundir esta política que é governamental como apologia as drogas.
Aqui estão transcritos alguns pontos principais da entrevista
Jorge Alves – Redução de Danos (RD) é uma estratégia de saúde pública que tem como objetivo de reduzir a disseminação de agentes infecciosos como HIV, hepatites virais, doenças sexualmente transmitidas (DST) além de outros danos a saúde provocados por substancias psicoativas independentes sejam elas licitas ou ilícitas... A estratégia de Redução de danos iniciou no Condato de Roniston por volta de 1926 para conter um surto de hepatite, reapareceu por volta dos anos 70 na Holanda, onde alguns usuários de drogas já se organizavam para lutar por políticas mais tolerantes. Na década de 80 com o advento da AIDS a Redução de Danos retorna como estratégia de saúde para conter o avanço do vírus, também das hepatites e as DST. Atualmente a RD se preocupa em encaminhar aos serviços de saúde pessoas que fazem uso de drogas para fazerem testagem de HIV, hepatites e DST, também para terem noções de cidadania e direitos humanos e ainda fazem distribuição de materiais de prevenção que são os kits de redução de danos.
PVFSD – Como a RD é vista pelo governo e pela sociedade?
Jorge Alves – A RD esta inclusa no capitulo 6º da Lei Sobre Drogas... Na verdade há três maneiras para lidar com a questão das drogas. A primeira é a redução da oferta, que é trabalho polícia; a segunda é a redução da demanda que seriam as campanhas educativas para evitar o consumo e verificou-se que mais de 70% dos usuários não conseguiam ou não queriam parar de usar. Então foi elaborada uma resposta social de saúde publica para evitar que esta população venha ser infectada por estas patologias...
Quanto à sociedade ela carece ainda de informação sobre este assunto. Se você falar que um indivíduo vai chegar num local para fazer uma distribuição de seringas para evitar a disseminação da Aids, hepatites algumas pessoas podem confundir isto como incentivo ao uso, mas não é. Já foi visto que é muito mais barato para o governo e para as pessoas prevenir do que depois ter que tratar destas pessoas doentes – Até mesmo porque são doenças muito graves. Eu senti isto na pele e adotei isto como missão de vida, que é, lutar contra esta disseminação entre esta população usuária de drogas. Apesar de ser uma política governamental ainda há muita gente infelizmente que considera erroneamente a estratégia de Redução de Danos como um incentivo ou uma coisa assim... Ela surgiu depois que o Brasil tornou-se signatário universal dos direitos humanos.
PVFSD – Considerações finais.
Jorge Alves – As colocações finais que poderia dizer é algo que abrange o lado dos direitos humanos. No caso especifico da RD a própria consciência ética nos coloca num horizonte um tanto sinistro, pois, quando uma sociedade não reconhece o direito de uma pessoa que faz uso de drogas ilícitas, significa dizer que esta sociedade do ponto de vista ética está afirmando que umas pessoas são mais cidadãs que outras, portanto, a condição de cidadão passa a ser secundário em relação aos usuários de drogas ilícitas... No entanto, os usuários de álcool e de tabaco não têm sua cidadania negada na mesma intensidade do que os usuários de drogas ilícitas, simplesmente, porque fazem uso de drogas socialmente aceitas, ainda que, a dependência seja uma condição de saúde, ou seja, independente uma legalidade ou ilegalidade da drogas...A sociedade tem que articular respostas de saúde pública para estar protegendo estas pessoas também.
Finalizando, esta foi mais uma de varias entrevistas feita pelo programa Viva Feliz Sem Drogas com o intuito de levar aos internaltas a informação, pois somente através da comunicação que se podem eliminar os preconceitos criando uma condição favorável de conceitos e formação de opinião.
Ataíde Lemos, autor dos livros:
Drogas Um Vale Escuro e Grande Desafio para Família
O Amor Vence as Drogas
Apostila: Educador e educando o que saber sobre as drogas
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