A droga surge na vida de alguém de várias maneiras. Na verdade, para muitos vem como uma muleta para suprir ou camuflar algum problema emocional, que muitas vezes a pessoa nem se dá conta que tem. Para outros, vem por uma simples brincadeira, uma diversão ou por uma oportunidade surgida. Enfim, de alguma forma ela vem como um momento de descontração.
Para alguns, o uso da droga não proporciona nenhum bem estar, o usuário não faz a tão entusiasmada viagem, pelo contrário, não gosta, se sente mal e não mais a procura. Já para outros, a droga proporciona uma viagem fantástica e essa pessoa passa sempre a recorrer a ela, na tentativa de obter o mesmo prazer da primeira viagem feita, no entanto, isso não ocorre e assim, essa pessoa vive constantemente nesta busca.
Pois bem, esta “viagem maravilhosa” é o primeiro indício de que a pessoa tem uma predisposição ao consumo de drogas, pois na busca de reviver aquele prazer, a pessoa vai consumindo cada vez mais drogas e seu organismo vai assimilando essa química, tornando-se dependente dela, até ao ponto, que o consumo da droga se torna uma necessidade para o usuário. Sem que ele se dê conta, que está consumindo cada vez mais e mais.
O grande problema que leva as pessoas a adquirirem a dependência química, está no fato de que normalmente este início – com algumas exceções – se dá no período da adolescência, onde a personalidade ainda se encontra em formação. Onde o adolescente ainda está na fase das descobertas, das afirmações e assim, este “prazer” proporcionado pela droga, foge ao seu controle.
É neste sentido que se faz necessário trabalhar a prevenção na pré e na adolescência. O Programa Educacional de Resistência às Drogas (PROERD) da Polícia Militar, vem nesta direção, isto é, de orientar a criança na sua pré-adolescência promovendo cursos aos alunos da 4ª série primária e agora já iniciando em algumas localidades, com os alunos na fase de adolescência, em alguns projetos, na 6 ª série.
No entanto, ao sabermos que todo adolescente independentemente de sua classe social ou condição econômica está inserido no grupo de risco, consideramos que o PROERD, ainda que seja um bom projeto, é muito pouco, diante da demanda necessária de prevenção às drogas nesta faixa etária.
É necessário que o Estado em todos os níveis e esferas de governo tenha a responsabilidade social na criação de projetos, sejam eles na área educacional por meio de disciplinas pedagógicas enfocando a prevenção às drogas ou mesmo projetos na área social, que levem os pré-adolescentes e adolescentes a estarem preparados para dizer não às drogas.
Todos os meios que levam ao combate às drogas são necessários e fundamentais, como por exemplo, a repressão, no entanto, de nada vale a repressão se não se trabalha de maneira eficaz a demanda. Se cada vez mais, aumenta o consumo de drogas, mais o tráfico tende a aumentar, ainda que haja o combate a ele. No entanto é preciso pensar, que quanto mais diminuir a quantidade de drogas no mercado, maior será o custo dela e assim, maior será o custo social.
Enfim, ao meu ver, o problema das drogas não é algo impossível de se enfrentar, mas sim, passa por uma questão de vontade política. O que observamos ocorrer é que se trabalha muito a questão imediata, mas não se trabalha tanto em projetos de longo prazo quanto à prevenção. São raros os projetos com visão de futuro, em geral eles se preocupam mais com o hoje. Talvez projetos de longo prazo não dêm tanto retorno em votos, literalmente são gastos que ficam por debaixo da terra.
Ataíde Lemos
Revisão:
Vera Lucia Cardoso
O combate às drogas é inicialmente uma responsabilidade da família e da escola. O CEBRID-Centro Brasileiro de Informações sobre Drogas Psicotrópicas, revela que o álcool e o tabaco são as substâncias mais usadas entre os adolescentes e que o educador, deve começar cada vez mais cedo o trabalho de prevenção em sala de aula, conscientizando os jovens sobre os perigos das drogas em geral, sejam lícitas ou ilícitas. A Secretaria de Educação juntamente com o PROERD tem realizado um trabalho e distribuído cartilhas informativas junto às oficinas pedagógicas das escolas, realizando palestras sobre o tema, que embora ainda não abranjam todas as escolas do País, já representam um avanço com relação a abordagem deste assunto, que até pouco tempo atrás, se resumia em se expulsar o aluno com problemas da escola, levando-o à marginalização.
ResponderExcluirA grande maioria de jovens e adolescentes já fazem uso do álcool e do fumo e aí diante da grande dimensão do problema, combater somente a maconha e a cocaína não adianta.
Cada escola tem uma realidade econômico-social e a abordagem deve estar de acordo com esta realidade. Palestras isoladas não resolvem o problema. É preciso um trabalho mais amplo em que se convoque a reunião de pais e que professores previamente orientados criem junto a eles, um Comitê Permanente de Prevenção às Drogas, com a participação voluntária de alunos monitorados pelos professores, organizando teatros, exposições, concursos, exibição de filmes e também depoimentos de ex-usuários. Poderiam também, promover palestras com profissionais que atuam na ária, como terapeutas, psicólogos, psiquiátras, etc., que poderiam até ajudar a escola a implantar um bom programa de prevenção.
Os professores têm que orientar os alunos através de bases científicas, psicológicas e sociais. O sermão não vai surtir nenhum efeito.
Geralmente os professores detectam o problema antes dos pais e é preciso que estejam preparados para enfrentá-lo e abordá-lo, por conseguinte, precisando as escolas de promoverem seminários, cursos e palestras realizadas por profissionais da ária de combate às drogas, para esclarecer e preparar os professores.
Inicialmente, seria interessante a aplicação de um questionário elaborado por profissionais especializados, em reunião transdisciplinar, para se conhecer a dimensão real do envolvimento das drogas entre os alunos.
Cada caso tem uma problemática diferente, precisando de uma abordagem e um tratamento específico a ele. Não se pode generalizar e colocar a mesma abordagem e o mesmo tratamento para todos os casos e tipos de envolvimento.
É preciso manter os jovens sempre ocupados com atividades como esportes, cursos e outras atividades saudáveis, enriquecedoras e atraentes minando os espaços por onde as drogas podem entrar. Deve-se usar uma linguagem de jovens, termos técnicos só devem ser usados entre os especialistas do assunto, pois quanto mais próxima estiver a abordagem da realidade dos jovens, maior será a absorção das informações por eles.