Por mais que somos seres independentes, isto é, temos o direito sobre nossos atos, tendo uma liberdade aparentemente plena, percebemos que ao longo da vida a realidade não acontece bem assim.
Nossas atitudes nem sempre são construídas por motivações livres, na grande maioria, sempre somos pressionados por certas carências afetivas; certos impulsos momentâneos e varias outras situações que embora, sejam feitas com nossa permissão, são motivadas e impulsionadas por fatores internos ou externos existentes no individuo ou influenciado por fatores sociais e várias outras circunstancias.
A partir do momento que amadurecemos espiritualmente, começamos enxergar uma nova realidade, tendo assim, uma nova percepção desta realidade que certamente, aos poucos vai abrindo nossos olhos, fazendo-nos enxergar que não somos tão livres como costumamos imaginar, pelo contrario, nossa liberdade acaba por nos aprisionar.
A pessoa humana, por mais que possa não perceber ou procure ignorar, é dotada de uma espiritualidade que o transcende. O que comumente ocorre é não darmos conta disto, ou então, procuramos ignora-la buscando em outras explicações justificativas por não ter esta concepção intrínseca do Ser Espiritual o qual somos. Talvez isto esteja relacionado à falta de uma formação espiritual, de uma formação cultural, de educação...
Sem querer ofender a pessoa do dependente químico, mas uma das características desta doença é o egocentrismo, muito acentuado nestas pessoas, que leva a uma outra qualidade negativa, de ser também extremamente orgulhosa, pois, é comum vermos tais dependentes químicos, que embora, vivam precisando sempre de outros o orgulho não os deixam verem, assim, vivem voltados para si mesmos e, certamente, isto o levam terem dificuldades em admitirem a presença de um Poder Superior, o qual possam entregarem-se inteiramente.
Por mais que em determinados casos o dependente químico manifeste sua crença, devido a tais características da dependência, torna-se difícil e complicado a aceitação. Há uma frase que muito se fala quando aborda a espiritualidade e se confirma ao longo do tempo; “Se não vai pelo amor, acaba indo pela dor” .Em muitos casos, muitos dependentes acabam aproximando-se de Deus e descobrindo a força e a existência deste Poder Superior, quando estão vivenciando momentos difíceis em suas vidas; quando se encontram encurralados não tendo mais a quem pedir socorro.
Na dependência química, isto não é diferente, quando se depara entre a vida e a morte onde as argumentações, as explicações não se justificam mais. Quando se encontra em desespero é que o dependente abaixa a guarda se entrega nas mãos Dele. Embora, não seja uma decisão livre e plena este gesto, esta atitude é de humildade.
Nestes momentos ocorrem verdadeiros milagres e aí, muitos sem reservas, têm a coragem de dizer em alto e bom tom, que foi salvo pela graça e pela misericórdia não pelos méritos, pois, a própria condição de vida anteriormente impossibilita resquícios de vaidade, de orgulho e de egoísmo diante esta manifestação de Deus, ou seja, somos dependentes de Deus.
Ataíde Lemos
Escritor e poeta
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