Quando o Rio de Janeiro, começou a internar os usuários de drogas involuntariamente, escrevi vários artigos questionando esta atitude. Pois, há muitos anos atuando nesta área, é de conhecimento que este tipo de internação não produz resultado positivo. A dependência química é uma doença e o conceito de doença é que: “ninguém se trata de uma doença se não desejar”, este conceito vale para todas as doenças. No caso especifico da dependência química, ainda é mais complicado, pelo fator “dependência”. Poucos são aqueles que a partir de uma dependência química, conseguem sobriedade necessária para pedir ajuda e assim, iniciar um tratamento. Portanto, pegar uma criança, um adolescente, um jovem, um adulto e exigir que ele se trate é uma atitude insana e demonstra um total desconhecimento daqueles que propõe este tipo de ação. Ou ainda, há uma segunda intenção, ou seja, limpar a cidade e encarcerar estes doentes.
Pois bem, depois de mais de um ano que a prefeitura do Rio de Janeiro, começou a implantar a internação involuntária o resultado já demonstra a ineficácia desta política .Ou seja, a grande maioria que é recolhida e internada em clinicas involuntariamente, retornam as ruas. Esta semana (11/01/2013), tivemos um fato lamentável desta ação, um adolescente para fugir dos agentes sociais que iriam recolhe-lo, acabou sendo morto atropelado na Avenida Brasil.
Infelizmente, o estado de São Paulo seguirá o mesmo modelo da cidade do Rio de Janeiro, uma política lamentável. Me parece que o prefeito de São Paulo, Hadad não concorda com este tipo de política, ainda bem.
Tenho reiterado, por diversas vezes, me posicionado sobre como se deve atuar nesta área e a complexidade que é a doença da dependência química. Acredito, que o primeiro passo de ajuda para que os dependentes procuram tratamento é criar neles o interesse que deve ocorrer através de uma equipe multidisciplinar de acolhimento, para que através deste processo, conquiste a confiança e produza o interesse do dependente para tratar-se. Este deve ser o primeiro passo. O segundo; é que os municípios, estados e a união, tenham condições de dar para estes dependentes tratamentos adequados a doença, ou seja, tenham clinicas, centros de recuperação e sobretudo, profissionais preparados que conheçam sobre dependência química e não apenas jogarem estes doentes em clinicas sem a menor estrutura física e de profissionais. Terceiro; há muitas instituições civis sérias que tem condições de acolher estes dependentes e dar a eles tratamentos condizente, no entanto, não possuem recursos humanos e financeiros, porque o poder público não oferece convênios para elas. Instituições que sobrevivem com as migalhas, muito bem vindas por sinal da sociedade civil. Instituições civis que o poder público as ignoram, só lembrando em períodos eleitorais. Portanto, é essencial que o Poder Publico (executivo, legislativo e mesmo o judiciário), promovam convênios com estas entidades civis para que todos – Estado e sociedade civil – possam através de ações compartilhadas promoverem tratamentos adequados aos portadores da dependência química e assim, de fato, algo de concreto e real possa ser feito para minimizar esta triste realidade que assistimos não só nos grandes centros, mas sim em todo o país.
Ataíde Lemos
Escritor & Poeta
Nenhum comentário:
Postar um comentário